sexta-feira, 17 de junho de 2011

Experiência sensorial

Desci os últimos degraus da escada do prédio ouvindo os ecos de meus próprios passos e então; abri a porta, ao mesmo tempo todos os sons ficaram mais altos, conversas, carros, buzinas o vento daquela fria tarde em São Paulo. Também sentiam-se cheiros, o aroma da padaria da esquina misturado ao da doceira, minha vizinha e o das pessoas, cheiro de quem está com preguiça de tomar banho por conta do frio.
Saí porta a fora para frente até chegar ao poste de luz, depois à direita em direção ao orelhão. O orelhão é uma benção para aqueles que vivem passando problemas com a fiação telefônica. Tirei o cartão do bolso, de um lado era liso, do outro tinha uma tarja que sempre fica para baixo.
Liguei para ela, disse mimos e carinhos, queria marcar outro encontro, tudo ia bem. Mas ela enrolava, tentava desviar o assunto, “não vai dar certo entre a gente” disse. Eu estava confuso “como assim?” logo atrás de mim ouvi uma tosse, atrás dela o barulhinho das páginas de um livro e depois até uma cadeira sendo arrastada, uma fila tinha começado a se formar depois de mim, eu tinha que liberar o orelhão.
Mas não agora! Ela vai me deixar?! Meus dedos passam entre os cachos dos cabelos, sentia minha respiração cada vez mais apertada.
Meu amigo sempre tentou me dizer: “ela está saindo com outro” Nunca acreditei, e agora, assim de repente! Não conheço o cara com quem ela sai, mas aposto que ele enxerga!


Esse é um pequeno drama que escrevi na escola com base no pensamento: “Os cegos também levam foras” tomara que nenhum leitor aqui seja cego. O.o

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